quinta-feira, 23 de julho de 2009

"Somente triunfa aquele que quer."

Segundo o Dicionário Aurélio, triunfar significa alcançar triunfo ou vitória; vencer. Para os brasileiros menos favorecidos economicamente, triunfar, quer dizer que conseguiram, mediante vários quebra-galhos, adquirir uma cesta básica para alimentar durante um longo tempo a família inteira composta, na maioria das vezes, por muitas pessoas. Já para um cidadão com deficiência física, triunfar pode ser a conquista de uma cadeira de rodas ou conseguir atravessar uma avenida sem o auxílio de outras pessoas. A conquista do primeiro emprego é um dos primeiros triunfos profissionais de um jovem recém diplomado. Enfim, triunfar pode ter várias conotações e denotações, depende do referencial adotado.

Conseguir o triunfo não é, somente, planejamento e pensamento. Claro, estes são, inegavelmente, inerentes à vitória, porém é preciso agir. Carece-se, então de uma tríade: pensamento positivo- ter perseverança e certeza da conquista; planejamento- traçar metas é importantíssimo para quem almeja um objetivo; por fim, tem que agir, entrar em ação sempre e a todo instante, sem perder tempo por conta dos medos e desafios. Desse modo, não seja covarde, supere-se!
Se para triunfar são necessários pensamento, planejamento e ação, infere-se que todos podem triunfar, basta, inicialmente, querer.

No dia 17 de julho deste corrente ano, foi nomeado um cidadão, de 50 anos, para desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, em Curitiba. “Sim, mas onde eu quero chegar com esta notícia:” Minha intenção é mostrar a você, caro ouvinte, que este cidadão possui uma deficiência visual. Não vê nada, nada, nadinha. Pois é, não obstante sua graduação em um curso que exige do acadêmico perene leitura, passou 18 anos atuando no Ministério Público do Trabalho em Campinas (SP) e em Curitiba. Aos 23 anos, quando estava no terceiro ano da faculdade de direito, ficou totalmente privado da visão. Com o apoio dos colegas, que gravavam o conteúdo de livros e as aulas, formou-se. Depois que deixou os bancos escolares, as dificuldades começaram a aparecer. “Ninguém me dava emprego”, destacou. Segundo ele, o currículo era aprovado, mas os possíveis empregadores voltavam atrás quando viam que era cego. A contratação para assessorar um desembargador do Tribunal do Trabalho de Campinas renovou suas esperanças. Incentivado por ele, fez concurso para juiz em 1990. Mas foi cortado antes de concluir o processo, em razão do exame de saúde. No ano seguinte, passou em sexto lugar no concurso de procurador do Trabalho, deixando para trás cerca de 5 mil candidatos. Em 2002, mudou-se para Curitiba, onde fez o doutorado na Universidade Federal do Paraná. Além do trabalho na procuradoria, ele é professor convidado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná e no Centro Universitário Curitiba em cursos de pós-graduação. “Estou indo para a magistratura com a sensação do dever cumprido”, disse. Então como observa-se ao ver tal exemplo, fundiram-se força de vontade, coragem, superação, garra, auto confiança, quebra de preconceito explícito. Mas, acima de tudo, ele queria triunfar e, indubitavelmente, conseguiu.

Quando conseguimos triunfar temos a sensação de estarmos nas nuvens, podendo observar o paraíso terrestre numa visão panorâmica: ouvindo o bolero de Ravel durante o pôr-do-sol na Praia do Jacaré; de perceber quão pequena é a Muralha da China, diante deste imenso Universo; de ficar estonteado com a beleza das pirâmides do Egito; de deslumbrar-se ao descobrir que a felicidade é muito mais fácil do que parece para ser atingida... Posteriormente ao triunfo a alma fica lavada, o espírito em paz, os olhos brilhando constantemente. Passamos a perceber que o engarrafamento é oportunidade para analisar bem as letras da Maria Rita ou do Roberto Carlos, que as pedras no caminho podem ser colhidas para fazer de nós um artista plástico e criarmos a nossa própria arte, que o medo é importante porque é a partir dele que surge a coragem. Nos sentimos, tal qual Manuel Bandeira sentiu-se ao estar em Pasárgada, pois lá, ele era amigo do Rei e em Pasárgada tinha tudo, era outra civilização, tinha um processo seguro de impedir a concepção.

O mundo muda, o mundo gira, então não podemos parar diante de uma vitória porque o verdadeiro herói está sempre em busca de triunfos. Triunfar, para ele, é essencial para o viver. O herói posso ser eu, poder ser você, basta apenas querer porque, “ Quando se quer fazer uma coisa, arranja-se um jeito. Quando não se quer, arranja-se uma desculpa.”

Raissa Palitot Remígio.