sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Vinte e dois

A vida é difícil, mas prefiro acreditar que ela é mesmo engraçada, porque as difilcudades se transformam em sorrisos e gragalhadas, quando superadas. Na verdade, conhecemos os sortidos sentimentos somente ao passar do tempo, mas não necessariamente com o correr dos ponteiros do relógio vital. A mistura entre responsabilidades e maturidade é ponto crucial para conseguir sentir o sabor de tantos sentimentos. 
Qual criança já sentiu frio na barriga devido ao nervosismo, afora quando está em algum brinquedo imbuído de adrenalina? O nervosismo, por exemplo, só nos deparamos com ele, quando começamos a conviver com situações que exijam competitividade, teste de conhecimento e de equilíbrio emocional, agilidade, entre outros. 

Mas o pior mesmo é se o nervosismo se atreve a manter encontro e a paquerar com a ansiedade. É difícil controlar as emoções e manter-se calmo, ante essa dupla da pesada. Às vezes, imprevistos delicados podem acontecer, caso não haja banheiro próximo. É o resultado daquele friozinho na barriga.
Aliás, penso que a ansiedade é uma garota muito impaciente e não se dá bem com a paciência. Acredito que sejam como cão e gato, não podem chegar a um lugar onde a outra esteja. Confesso que não tenho dado a devida atenção a esta e descobri que estou ligada àquela umbilicalmente. Nasci ansiosa, mas tive que aprender a ser paciente, quando viajava duas horas de uma cidade à outra e esperava ainda mais cento e vinte minutos apenas para trocar liguinhas do aparelho ortodôntico que, ressalve-se, até hoje me traz traumas insuperáveis.

Falar nisso... trauma é um termo bastante usado, a partir de certos momentos da vida. "Tenho trauma disso", "não suporto aquilo, tenho até trauma", ouvimos infindáveis vezes essas frases. A superação, então, é a solução para nossos problemas traumáticos. Contudo, alerto-vos: ela é antipática. Saber cativá-la é árduo e tem que suar a camisa. Ela já até simpatizou comigo, mas não todas as vezes em que tentei conquistá-la.

Aos vinte, ouvimos uma música, e o choro é sacudido pela saudade, moça estranha, pois pode nos deixar felizes, se for nostálgica, diversamente de quando resgata aquele bem que se foi e não volta mais. É um alento ou um desalento. Tento aprender a controlá-la, apesar de convivermos diuturnamente há mais de dez invernos. 
E, aos vinte e dois, restam inúmeros sentimentos a serem descobertos e saboreados, ainda que sejam duas décadas com sabor de três.


Raissa P. Palitot Remígio