sexta-feira, 26 de março de 2010

Quando Nietzsche Chorou


            Quando Nietzsche chorou é de autoria do psicanalista norte-americano Irvin D. Yalom e tem, como personagens principais, o filósofo Nietzsche, o médico Dr. Breuer, o então jovem psiquiatra Freud e a bela Lou Salomé. É um livro que dá um banho de cultura no leitor, pois ele trata de filosofia, de ciência, de crença, de psicanálise e tudo isso  numa dualidade entre ficção e realidade.
   
            Os fatos se passam em 1882, quando Lou Salomé, amiga de Nietzsche, envia um bilhete a Dr. Breuer pedindo que marcasse um encontro, para que ele tratasse do filósofo Nietzsche que estava sofrendo de uma depressão suicida e conclui dizendo que "o futuro da filosofia está em jogo". Ao vê-la, Dr. Breuer encanta-se com sua beleza, com sua audácia, com sua juventude e com seu charme, e não conseguiu recusar ao pedido feito por ela. 
   
          A partir desse acordo, começa a tentativa de Dr. Breuer, para curar Nietzsche. Ele era um médico eminente na sociedade vienense por  já ter tratado de diversas pessoas e o seu caso de maior sucesso fora o de Ana O. ou Bertha Papenhien, uma jovem que sofria de sucessivas crises de histeria. O tratamento dela fora baseado em um novo método, o mesmerismo, ou a cura através da conversa. 
  
           Não foi fácil conseguir que Nietzsche aceitasse ser tratado, pois era de temperamento muito hostil e já passara por outros 24 médicos, todos sem lograr sucesso quanto à sua cura. Porém, a partir de um acordo feito entre Nietzsche e Dr. Breur o tratamento se iniciou, mas com uma inversão: quem era paciente foi curar quem seria o psicólogo. Dr. Breuer confessou a Nietzsche sua obsessão por Bertha e sua infelicidade e pessoal: apesar de ter uma família e uma carreira de sucesso ainda não tinha encontrado seu "eu". Pediu ajuda ao filósofo, posto que ele conhecia muito sobre o homem.
  
            Durante o tratamento, há várias descobertas em relação à mente, ao consciente e ao inconsciente, aos sinais da obsessão e os seus significados, aos sonhos, à liberdade... Surge a tão conhecida "humano demasiado humano".  Há várias tentativas de Nietzsche para a cura da obsessão de Bruer, que consegue criar um vínculo afetivo com Nietzsche, o que ele jamais esperara, visto que o filósofo já sofrera três grandes traições, e, por isso, se afastara de todos e vivia sozinho.
 
            Já no final do livro, Dr. Breuer pede a Sig, assim chamava carinhosamente Freud, para que ele o ajude a regredir e, nests regressão, ele é curado. Dr. Breuer, então, conta a Nietzsche que fora curado e este é inflado de curiosidade, para saber como fora a cura de Breuer. Nos últimos degustares das deliciosas últimas páginas, acontece o impacto maior e o fim não esperado pelo leitor.
  
          "Quando Nietzsche chorou" amplia o campo visual do leitor, quanto à psique, ao consciente e ao inconsciente, à liberdade, ao encontro do "eu", à satisfação da sua condição de vida. A maior reflexão que Nietzsche passa a quem lê o livro é a relevância da amizade: por maior que tenha que ser seu esforço, para galgar seus objetivos, não se isole, viva em sociedade, tenha amigos (poucos, quem sabe só um) que você possa confiar para, confessar alguns (não todos, pois uns não devem ser confessados nem a si mesmo) desejos e aflições.

RECOMENDO A LEITURA!